Polêmica

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Questionário sobre agências revela desabafos nas redes sociais

Em “Sleeping with the Enemy”, de 1991, Julia Roberts é Laura Burney, que finge viver um casamento feliz de quatro anos enquanto sofre maus tratos do marido.  Sensação semelhante descreveu boa parte dos mais de 800 internautas que responderam a um “formulário colaborativo”, como chamou seu autor, para dizer como é trabalhar em agências de publicidade. Anônimos, elogiaram, enalteceram, mas também criticaram, reclamaram e acusaram empresas, superiores e patrões. Sem qualquer base científica, a enquete ganhou dimensões devastadoras nas redes sociais. a ponto de ser excluída do arquivo de documentos do Google apenas algumas horas após ser divulgada. Mas como a Internet tem vários caminhos, respostas ao questionário podem ser lidas em outra plataforma (aqui). A repercussão foi tão intensa que o levantamento virou um grupo oficial, porém mais comedido, no Facebook, com regras e um aviso de que “Os comentários serão moderados e palavrões não serão aceitos”. A ideia original da “pesquisa” foi do publicitário Caio Soares, speaker na versão brasileira da Hyper Island, escola sueca de inovação digital voltada para a criatividade em negócios. Em sua justificativa para elaborar o tal “Formulário Colaborativo”, Caio, que se diz um “apaixonado por uma boa conversa” em seu site, afirma que apenas tentou ajudar um amigo estudante de propaganda a escolher uma agência para fazer estágio. Mas, entre tantas brincadeiras comuns a um público formado por jovens publicitários, elogios a algumas pessoas e agências, xingamentos, reclamações e definições vingativas, é preciso também prestar atenção a alguns pontos importantes e passiveis de reflexão por parte dos dirigentes da indústria da comunicação.  Jornada de trabalho excessiva, por exemplo, não ajuda o profissional a se manter atualizado e o obriga a buscar referências para a sua atividade apenas dentro do próprio meio, o que muitas vezes leva à produção de plágios, até inconscientes. Denúncias de assédio sexual, num país onde as mulheres, até as esclarecidas sofrem preconceito nos órgãos oficiais criados para sua defesa, devem ser levadas muito a sério pelas empresas. Pelo menos para alguma coisa essa confusão precisa servir.