Entrevista

CRESCER JUNTO É A ESCOLHA

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Nova diretoria da Abap vai investir em parcerias sólidas com todos os setores do mercado

D’Andrea: consolidar parcerias

Resgatar a autoestima do setor e provar sua importância no cenário econômico do país são as duas principais metas do novo presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade.

Mário D’Andrea, presidente e CCO da Densu Brasil, assumiu o cargo nesta terça-feira (30) substituindo Armando Strozenberg, do grupo Havas e junto com um time de líderes da nova geração da publicidade do país.

A seguir ele responde a questões do Blog:

Salvar a autoestima da atividade inclui campanha publicitária? Ou seja, usar o mesmo remédio que receitam para as empresas?

Entre outras coisas, sim, uma campanha será necessária. Mas apenas falar não basta. Temos que promover encontros entre agências pelo país todo para discutir novas técnicas, novas práticas e cases de comprovado sucesso. Ou seja, falar e provar nossa importância.

A baixa autoestima tem relação com os acontecimentos políticos e escândalos envolvendo concorrências públicas? Como agir junto a estatais e governo sobre o tema licitações?

Essa baixa autoestima tem a ver com muito mais coisas. Primeiro, novos players de tecnologia no mercado que transmitem percepção de mais modernos e mais “cool” o que não é totalmente verdade. Tem a ver com o desvio das discussões da categoria para coisas prosaicas do dia a dia, deixando de lado a grande função do que fazemos, ou seja, criar riquezas e empregos. Poucas atividades produzem tanta riqueza para empresas e marcas e, por tabela, para a economia brasileira como um todo.

Você também citou a evasão de profissionais. Talentos brasileiros sempre foram convidados a trabalhar em importantes agências internacionais. Agora, porém, parece que a motivação é o contrário. A vontade de sair é maior?

Pela situação econômica e política brasileira, é natural que haja um certo desânimo e incerteza com o futuro. Profissionais procuram lá fora novos horizontes para sua vida profissional e pessoal. A publicidade tem esse poder de levar grandes talentos para fora do país de forma bem mais ágil do que outras áreas, como medicina, engenharia, etc.

Em que nível será rediscutida a remuneração justa de agências e a abolição total do famigerado BV de produção?

BV de produção não é permitido nem faz parte da regulamentação brasileira criada com a formação do CENP. Quanto à remuneração das agências, é preciso entender que a regulamentação prevê todos os detalhes quando a agência compra mídia. Mas hoje muito do que uma agência faz não envolve mídia. Somos um centro de inteligência dos clientes, ou deveríamos ser. E para ter inteligência que muitas vezes não desemboca em mídia, precisamos sim ser remunerados.

Como a Abap pretende atuar em sintonia com outras entidades que representam o mercado publicitário, na medida em que a ABA muitas vezes se recusa a discutir assuntos de interesse das agências e produtoras? 

Além da parceria total com Fenapro, vamos iniciar conversas com grupos de profissionais, de Criação, Planejamento, Atendimento e Mídia) para uma discussão mais próxima sobre o nosso negócio. A APRO também será (e já é) um parceiro fundamental nas questões que afligem agencias no dia a dia. IAB será parceiro fundamental na tentativa de encontrarmos formas de aproximar os digitais e as grandes agências. E outras entidades serão convidadas a debater assuntos, em público ou mesmo em reuniões fechadas. Todos nós precisamos entender que mais do que simplesmente defender nossa categoria, temos que engrandecer o mercado. É preciso entender que ou crescemos juntos ou sofreremos sozinhos. Esta é a escolha.