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O QUE OLIVETTO NÃO CONTOU

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Washington Olivetto direto de Londres

A primeira e penúltima autobiografia de Washington Olivetto, como ele mesmo definiu, começa aos 19 anos. A primeira lembrança é de conversas com o escritor Geraldo Ferraz, segundo marido de Patrícia Galvão, a Pagu, ícone feminino do movimento modernista brasileiro de 1922.

Eu não nasci! constatou, justificando o fato de ter aceitado o convite do grupo Sextante para continuar a obra na sua agora provável última autobiografia, que vai repetir o título “Direto de Washington”, com o adendo “Em edição extraordinária”.

“Ficou faltando muita coisa, minha infância, adolescência, mais fatos e nomes que esqueci de mencionar”. Entre os quatro livros de Não Ficção mais vendidos em abril, “Direto de Washington” talvez tenha suprimido acontecimentos que não lhe causem boas lembranças.

Mas quem com certeza merece uma história é a estudante de medicina Aline Dota, sua vizinha de cativeiro por 53 dias, que atendeu as batidas na parede para ouvir com estetoscópio o pedido de socorro, salvando-o do sequestro.

De más para boas lembranças, porém, ele esqueceu de dizer, em razão da alegria pelo nascimento dos filhos Theo e Antônia, que no mesmo 8 de julho de 2004 contratou um dos criativos que considera mais brilhantes na propaganda brasileira.

Depois de muito explicar que não se tratava de trote e que era ele mesmo ligando, ouviu o sim de Rynaldo Gondim, hoje VP nacional da Heads, que aceitou na hora o convite para se mudar do Rio para São Paulo e trabalhar na W/Brasil.

Também esqueceu de mencionar uma campanha criada no mesmo ano de 2004, para o Anglo, em comemoração do Dia do Vestibulando, com os 10 mandamentos do pré-universitário, que vigora até hoje:

“Escolherás o cursinho número 1 em aprovação no vestibular, Não furtarás as apostilas alheias, Não desejarás a nota do próximo e Não conseguirás evitar a queda de cabelo, estão entre as regras.

Washington também esqueceu de relatar a campanha que lançou o banco 30 Horas, uma inovação na década de 90, com o texto “No início dos anos 90 tudo vira 24 horas. Então o Unibanco vai além, e se transforma em 30 horas”. Na sequência, aparece o comentário de Bill Gates, ao lado de um micro 30 horas, lamentando: “Por que o meu banco não pensou nisso?”.

Ele também não disse que em 2005, recebeu um elogio público do publicitário e empresário Nizan Guanaes, que construiu o maior grupo brasileiro de comunicação, contentando-se em ser comparado a Ronaldo ou Romário, com a frase: “Quem trabalhou com Olivetto tem aquela sensação de eu vi o Pelé jogar”.

E já que tocamos no assunto futebol, entre outras realizações em favor do seu Corinthians, Olivetto esqueceu de dizer que atendendo a um pedido deste jornalista, mobilizou a Seara para patrocinar uma feijoada na Arena de Itaquera em homenagem ao pé-de-anjo Basílio, comemorando os 40 anos do gol que libertou o time da fila de títulos, em 13 de outubro de 1977, com a conquista do campeonato paulista daquele ano.

Com certeza ele terá muito mais histórias para contar no que deverá ser sua última autobiografia. Quem conhece Washington, entretanto, sabe que se aparecer mais uma oportunidade, ele chamará um ghost writter e lança outra biografia, sem ser auto mesmo.