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COMO FICA A IMAGEM?

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Gusttavo Lima fala em censura e desiste de lives. Ambev admite que regras não foram seguidas

Um dia depois de ter sido alvo de uma representação ética pelo Conar por conta da Live “Buteco Bohemia em Casa”, que realizou sob patrocínio da Ambev, Gusttavo Lima afirmou nesta quinta-feira (16), que não fará mais esse tipo de show para ser censurado.

A Ambev, por sua vez, admitiu que algumas orientações que envia aos artistas patrocinados para seguirem o guia de regras do Conar, não foram seguidas.

Mais do que o julgamento do caso, que pelo cronograma do órgão de autorregulamentação publicitária só deverá ocorrer no final de maio ou começo de junho, a pergunta é como fica a imagem do artista.  E da cervejaria?

Quem passou ao largo do problema parece ter sido a Cielo, que se juntou à iniciativa visando ajudar milhares de bares fechados ao público por conta da pandemia. Como disse seu presidente, Paulo Caffarelli, a empresa vai praticar taxa zero para transações de compras de vouchers e doações.

O fato tivesse passado despercebido se o show tivesse como cenário apenas a foto acima, mostrando um recipiente de gelo com garrafas de Bohemia com a inscrição #fiqueemcasa.

O que ocorreu depois, durante as 7 horas da live, porém, foram cenas de consumo, além da cerveja, de vodka, licor e da cachacinha sobre a qual o cantor perguntou no início.

“Atenção todos os cachaceiros deste mundo? Já já nossa live começa!”, dizia o aviso no Youtube pouco antes do início do show.

Esse recado indica que o target da live supostamente seria formado por homens e mulheres maiores de idade e responsáveis pelo que consomem. Entretanto, a Internet não tem mecanismos para impedir que crianças e jovens, fãs do cantor, tenham acesso ao show.

O primeiro caso de patrocínio envolvendo uma marca e um artista na Internet ocorreu com o clipe de Pabllo Vittar em ação de product placement para a vodka Skyy em outubro de 2019.  Numa audiência em primeira instância no Conar, o grupo Campari,  fabricante da bebida, afirmou ter alterado o vídeo que fazia referência à vodka.

Em outra ação julgada pelo órgão no Rio de Janeiro, conselheiros lembraram que em primeiro lugar, antes de avaliar o produto anunciado, estava a imagem do artista a ser preservada, já que como influenciador tem uma responsabilidade social.

Sobre a live de Gusttavo Lima, foram mais de três dezenas de reclamações populares até o início do processo. O Conar continua recebendo outras tantas, uma vez que o show permanece no canal do cantor no Youtube.

A conclusão é que, embora o Conar careça de uma modernização de seu código para acompanhar a evolução do mercado, neste caso está apenas cumprindo a regra que orienta sua atuação.

Propaganda de bebida alcoólica tem normas a serem seguidas e que foram quebradas nessa live.

O cantor, um influenciador social, não se preocupou com quem estava assistindo seu show, o que incluiria o público infanto-juvenil que o admira.