Entrevista
A PROPAGANDA VAI MUDAR PARA SEMPRE
Publicado emA divisão entre o on e off, que já foi implodida, mais do que nunca deixará de fazer qualquer sentido.
A avaliação é de Eduardo Simon, CEO da DPZ&T ao comentar o futuro do mercado após a pandemia.
Para ele, o negócio da publicidade nunca mais será o mesmo, vai mudar para sempre. Os hábitos de consumo mudarão.
Como ele diz, por um tempo as pessoas terão medo de sair de casa, mesmo quando o isolamento social acabar.
“Mas ao mesmo tempo terão saudades de voltar à vida normal. Isso quer dizer que vai mudar a forma como fazemos mídia e criação”, avalia.
Eduardo Simon assumiu o comando da fusão entre a DPZ e a Taterka, da qual era sócio e COO, em maio de 2015. Nesses cinco anos, cumpriu o desafio de manter o reconhecido nível criativo da agência fundada por Dualibi, Petit e Zaragoza e manteve a DPZ&T entre as dez maiores do país.
Nesta entrevista, ele comenta sobre o momento atual do mercado, transformado pela crise mundial da Covid-19 e a forma como a agência vem trabalhando para atender seus clientes com a mesma dedicação anterior.
Após dois meses de isolamento social, a agência se adaptou toalmente ao Home Office?
– A agência vem operando no sistema de teletrabalho de forma bastante produtiva e muito organizada. Existem alguns pontos interessantes. Por exemplo, o tempo que a gente gastava no trânsito permite ao time usar uma ou duas horas a mais do dia para cuidar de suas vidas pessoais ou para organizar e aprimorar o próprio trabalho. A pontualidade no início e término de reuniões, sem a necessidade de deslocamentos, também vem representando um benefício totalmente revertido para um foco maior na produtividade
Qual o índice percentual de clientes que continuaram ativos durante esta crise?
– Comunicar nunca foi tão primordial e, ao mesmo tempo, complexo. Nesse momento, a DPZ&T conta com muitos clientes ativos e abertos ao recebimento de estudos, informações, soluções, propostas de campanhas e atitudes que as marcas possam ter. É um trabalho diário que seguimos colocando em prática para todas as marcas com as quais trabalhamos. É verdade que os anunciantes e todos nós enfrentamos o maior desafio da nossa geração. Lutando para sobreviver, mas caminhando sempre em frente. Não adianta concentrar apenas em ações ou campanhas para as próximas semanas. Precisamos olhar para a comunicação dos próximos meses, com total entendimento do que está acontecendo não somente no Brasil, mas no mundo todo, principalmente em países que lidaram com essa situação antes do nosso.
Por que criar uma célula exclusiva para atender a área de cafés da Nestlé?
– No ano passado fomos contratados para um job pontual de Nescafé: a campanha de lançamento dos cafés especiais Gold e Origens do Brasil. Somente agora que a DPZ&T foi oficializada como a agência de Nescafé, Nescafé Dolce Gusto e Starbucks at Home. Foi uma conquista que veio principalmente em virtude dos resultados que ajudamos a marca a alcançar em 2019. Levamos uma proposta baseada num jeito novo de trabalhar, com a agência atuando como parceira de negócios do cliente e apresentando um projeto especial que criamos para a Nestlé. Assim nasceu a Xpresso. São marcas que encantam e aguçam a curiosidade do consumidor, seu apetite não só pelo café, mas pelo modo de preparo. Marcas que oferecem experiências únicas precisam de projetos especiais trabalhados por profissionais 100% focados e especializados em seus produtos. Promovemos uma série de discussões sobre os desafios das marcas em reuniões dinâmicas, que envolvem clientes e profissionais da agência, com toda uma metodologia fora da caixa e focada na resolução de problemas em grupo. É uma forma de aproveitar até a última gota da multiplicidade de saberes que concentra essa nova célula e usar essa polivalência a favor de cada detalhe debatido.
Como será então o mercado publicitário ao final da pandemia?
– Além da mudança total do negócio, dados serão cada vez mais centrais como modelos de tomadas de decisão. Tanto nossa quanto dos clientes. Novas lideranças surgirão, enquanto algumas agências deixarão de existir e outras ficarão mais fortes, assim como cada profissional terá de ser uma agência de conteúdo completa. A criatividade terá a urgência de ser ainda mais eficiente para emocionar e vender, desenvolvendo uma comunicação que não interrompa, mas que seja capaz de entreter e ser tão envolvente quanto o conteúdo consumido. Devemos ser ainda mais capazes de demonstrar os resultados que geramos. É preciso que o mercado valorize mais entrega, produção e criação, além de abandonar de uma vez por todas o modelo de negócio baseado em compra de mídia.