História

OS TALENTOS MIGRANTES QUE IMPULSIONARAM O MERCADO

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Sergio Amado e Stalimir Vieira falam sobre baianos e gaúchos que incrementaram a propaganda brasileira

Sergio Amado

Rio de Janeiro, então capital federal, e São Paulo, maior mercado do país, reuniam os talentos publicitários que começaram a incluir o Brasil no mapa mundial do setor nas décadas de 60 e 70.

A partir daí, esses grandes centros da propaganda nacional começaram a receber profissionais de outras regiões, especialmente do sul e do nordeste, que acrescentaram ao trabalho uma criatividade diferente, inovadora e de muito talento.

Sergio Amado, empresário de sucesso na Bahia, puxou a fila de criativos baianos que se juntaram a agências de sucesso na época e passaram a fazer parte de fichas técnicas vencedoras. Da mesmo forma, o Rio Grande do Sul mandou para o sudeste profissionais que se destacaram no cenário nacional.

Quando decidiu se mudar para São Paulo, Sergio Amado comprou 20% da Denison por sugestão de Flavio Correa, então presidente da Standard Ogilvy. Após adquirir 100% do controle da agência, ele vendeu para o grupo WPP.

“A publicidade baiana elevou o níel criativo da publicidade nacional com a brilhante criatividade de Duda Mendonça, primeiro a quebrar regras e produzir peças inesquecíveis. Mas foi Nizan Guanaes que colocou os baianos criativos o topo da pirâmide. Nizan com exuberância explodiu em criatividade no Brasil e no mundo”, diz Amado.

“Nizan se estendeu por anos no mercado .Criar é uma arte , Nizan tem o dom desta arte, que vai muito além da publicidade. Foi ele que deu a fama de criatividade a publicidade baiana. Além de Nizan não é possível esquecer o talento do saudoso Geraldo Walter. Gênio do marketing político. Inspirado no exemplo de Duda, Nizan e Geraldão, a publicidade baiana produziu uma safra privilegiada de talentos, todos exportados para São Paulo”, explica.

“Hoje, com novas tecnologias a disposição da publicidade identifiquei no mercado baiano o que estou chamando de Novos Baianos. A dupla Fabio e Bruno Duarte lideres da agencia California, presente já há 10 anos no mercado e com operação em vários estados. Eles lideram a nova safra moderna de criativos baianos”, completa.

Do Sul do Brasil para a DPZ, Stalimir Vieira pegou carona na fase migratória dos gaúchos e se destacou no mercado nacional.

Da DPZ para a W/Brasil, foi sócio da DLS, depois LS, atuou ainda na DDB Argentina e na Newcom Bates entre outras agências. Autor dos livros “Raciocínio Criativo” e “Marca: O que o coração não sente os olhos não veem”, mudou sua rota literária e lançou no ano passado o romance “Jenifer”. Stalimir é autor do famoso slogan “Aruba é do Caribe”.

Stalimir Vieira

“Minha primeira viagem internacional foi em 1980. Fui à Paris, atrás de uma ex-namorada que tinha resolvido “terminar tudo” e mudar pra lá. Foram dois meses intensos, tipo “tapas e beijos”, mas não deu certo. Ao voltar para o Brasil, achava que, então, “cidadão do mundo”, deveria deixar a minha Porto Alegre e buscar voos mais altos, na publicidade de São Paulo, modelo que fascinava os criativos do Brasil inteiro”, conta.

“Me impressionava com os exemplos do Geraldo Rodrigues Neto, pioneiro da minha geração a migrar pro Sudeste, do Newton Bento e do Beto Callage, que aceitara um convite para trabalhar no Rio. Consegui uma entrevista com o Washington. Ele gostou do portfólio, mas não me contratou imediatamente, embora tivesse uma vaga de redator. Disse que havia cometido uma injustiça na demissão de um profissional, e estava tentando encontrá-lo”, continua.

“Para minha sorte, não encontrou e fui admitido. Foram quase seis anos privilegiados na DPZ, convivendo com quem fazia a propaganda mais premiada do Brasil e uma das mais premiadas do mundo. Recebi várias propostas nesse período, e acabei, um dia, indo para a MPM, talvez com saudade do Rio Grande do Sul) Não me adaptei, eram culturas muito diferentes. Falei com o W e ele me encaixou na DPZ-Rio. Fiquei três anos. Uma ligação do Javier Llusa me levou de volta pra São Paulo, agora na W/GGKque virou W/Brasil”, detalha.

“Durante todos esses anos, vi chegar uma avalanche de conterrâneos criativos, que brilhariam por onde passaram: Toninho Neto, Ricardo Freire, Giba Lages, Marcelo Pires, Renato Konrath, Newton Bento, Leandro Castilho, o Alemão Lauter, a Graça Craidy, a Tetê Pacheco, Pedro Cappeleti, Jader Rossetto e mais um monte de gente que, certamente, estou, involuntariamente, cometendo a injustiça de não citar”, conclui.

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