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DIA DA MULHER, AVANÇOS E BARREIRAS

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Maria Nienkötter

Enquanto algumas mulheres vão conquistando seu espaço onde querem estar, outras continuam enfrentando o preconceito de gênero. Neste sábado, 8 de março, se comemora muitos avanços na luta pela igualdade mas ainda se lamenta situações que insistem em manter a desigualdade.

Exemplos mostram esse paradoxo, representado por pilotas de automobilismo rompendo barreiras, e médicas que além de sofrerem restrições, ainda ganham 23% menos que homens.

Neste ano o Brasil terá três mulheres competindo no automobilismo internacional, um recorde para o país. São elas, Maria Nienkötter, de 18 anos, no TCR South America Banco BRB, Aurélia Nobels, também com 18 anos, e Rafaela Ferreira, de 19, ambas escaladas para disputar a Formula 1 Academy, categoria da FIA para revelar talentos femininos.

Entre as que estiveram ativas em 2024 e as que já anunciaram seus planos para a atual temporada, há pelo menos 16 pilotas e quatro navegadoras (que disputam campeonatos de rally) que devem competir no país em 2025. No total, então, a atual temporada contará pelo menos 23 brasileiras em categorias de ciclos profissionais do automobilismo.

O OUTRO LADO

Conforme a Pesquisa Salarial do Médico, desenvolvido pelo Research Center, núcleo de pesquisa da Afya Hub de educação e soluções para a prática médica do país, as médicas recebem, em média, 23% a menos do que seus colegas homens. De acordo com o estudo, a renda média mensal das profissionais mulheres é de R$ 17.535,32, enquanto a dos homens chega a R$ 22.669,86.

A desigualdade salarial se manifesta em todas as categorias analisadas, incluindo idade, região e nível de formação ou especialização. Entre os profissionais de 45 a 55 anos, a diferença de renda é menor, em torno de 8,1%, indicando um maior equilíbrio salarial.

Quando observadas as regiões de atuação, a menor diferença salarial entre os gêneros ocorre no Sul, com 15,4%. Nas demais regiões, os homens apresentam rendimentos superiores, com uma disparidade que varia entre 22% e 24%, sendo 22,6% no Norte, 22,2% no Nordeste, 24,2% no Centro-Oeste e 24,9% no Sudeste.

Salários 23% menores

“Conciliar vida pessoal e profissional ainda é um desafio para as mulheres, que seguem acumulando múltiplas jornadas. O ponto mais crítico encontrado nesse estudo é a diferença salarial entre os gêneros nas horas trabalhadas. Mas essa desigualdade vai além da remuneração, pois é essencial que a divisão das responsabilidades dentro de casa seja mais equilibrada entre homens e mulheres, garantindo que o peso da jornada doméstica não recaia majoritariamente sobre elas”, explica Eduardo Moura, médico e diretor de pesquisa do Research Center da Afya.

A pesquisa entrevistou 2.637 profissionais de todos os gêneros, no período de novembro de 2024 a janeiro de 2025. A amostra possui um nível de confiança de 95% e margem de erro de 1,9 ponto percentual.

Na campanha “O peso da desigualdade”, a Afya mostra os desafios enfrentados diariamente pelas médicas, que, além da desigualdade salarial, lidam com preconceitos de colegas de trabalho e pacientes.

A iniciativa que busca ampliar o debate sobre os desafios enfrentados pelas médicas e promover um ambiente mais equitativo no setor.

“As mulheres já são maioria na medicina desde 2024, mas ainda enfrentam barreiras que limitam seu avanço em especialidades de alta complexidade, remuneração e cargos de liderança. Com esta campanha, queremos evidenciar como esses padrões culturais impactam as escolhas profissionais e reforçar a importância de abrir espaço para que essas vozes sejam ouvidas. O compartilhamento de experiências é essencial para desconstruir estereótipos e promover mudanças reais no setor”, diz Stella Brant, VP de Marketing e Sustentabilidade da Afya.