Entrevista
LIVRE PARA O NOVO MUNDO
Publicado emQuando assumiu a presidência da Publicis Brasil em novembro do ano passado, o então CCO Hugo Rodrigues iniciou um projeto visando montar um time de lideranças de destaque no mercado, incluir novas marcas no portfólio da agência e colher nos festivais internacionais o resultado de um importante investimento na área. Doze meses depois, ele comemora cada meta alcançada. Neste ano, a Publicis integrou ao seu time profissionais como Eduardo Lorenzi (VP de planejamento), Miriam Shirley (VP de mídia) e seis diretores egressos de empresas e agências como Google, Almap, Ogilvy e Wieden & Kennedy. Nesta entrevista, ele faz um balanço de sua carreira e do primeiro ano no novo cargo.
Há 15 anos, no início da carreira, onde o redator da antiga Salles DMBB queria chegar na profissão de publicitário?
Eu queria estar empregado e exercendo a profissão. Se tivessem me contado antes que eu seria presidente, não teria acreditado, mesmo. Naquela época, pela dificuldade em me manter, o que queria era fazer o meu trabalho com a maior dedicação possível e me tornar uma peça importante nos negócios da agência e dos clientes que atendia.
Ainda na Salles Chemistri você chegou ao júri de Cannes pelo Cyber Lions. O digital sempre teve espaço no seu trabalho?
Fui jurado de Cyber em Cannes em 2007. Um ano antes, havia ganhado Leão na categoria com um trabalho criado para a GM. Era uma época em que todo mundo ainda tateava o digital e fazer um gol daqueles foi importante porque indicou que estávamos no caminho certo. De lá para cá, desenvolvemos, na Publicis Brasil e na Publicis Salles Chemistri, vários cases que viralizaram no ambiente digital. Um dos de maior sucesso recente é o Skip Ad Festival. Criado para o canal Sony Brasil. O case transformou em entretenimento um formato intrusivo, como o trueview do Youtube. A partir daí, ganhou três Leões em Cannes e prêmios no One Show, D&AD, New York Festivals e LIA.
Conquistar marcas como Heineken e Ninho consolidam a carreira de um CEO de agência multinacional no Brasil?
As conquistas são importantes, especialmente em um ano difícil como 2015. Mas vivemos um momento de profundas transformações em que ninguém, nem nada, está consolidado. Em um ambiente extremamente volúvel como este, é preciso buscar novas soluções, pois o que funciona hoje pode não funcionar amanhã. Em relação à minha posição em si, costumo citar uma frase do Peter Drucker que diz que “se você está em alguma posição de comando, é pago para se sentir desconfortável. Se está se sentindo confortável, é porque definitivamente não está fazendo a coisa certa”.
Qual a importância de prêmios de criatividade para a agência diante de seus clientes e do grupo?
O prioritário, no meu entendimento de negócio, é manter o cliente satisfeito. E as campanhas que funcionam com o grande público não são necessariamente as que ganham prêmios. Os prêmios são importantes porque reforçam a auto-estima do time, atraem novos talentos e mostram internacionalmente e para os clientes que trabalhamos a nossa principal matéria-prima.
Ganhar uma grande concorrência proporciona ascensão no ranking. Isso indica progresso junto à holding?
Existe uma série de fatores que indicam progresso junto à holding: crescimento e bom relacionamento com os clientes globais, novos negócios, trabalhos reconhecidos no dia a dia e em festivais, capacidade de atração de talentos e de grandes lideranças no mercado. O posicionamento no ranking é importante porque demonstra como você está evoluindo. No ano passado, nesta época do ano, estávamos na 12ª posição do ranking. Hoje, estamos na 8ª. É claro que essa é uma vitória a ser comemorada.
Como se dá a escolha para contratação de líderes de área? A busca por jovens talentos superou a busca por nomes consagrados?
Ter profissionais consagrados ajuda a atrair jovens talentos. E os jovens talentos injetam oxigênio à agência, o que torna o ambiente propício ao surgimento de novas e boas ideias. Manter esse mix dentro da agência é fundamental para o seu funcionamento. Agora, para assumir um posto entre as principais lideranças, ter experiência, credibilidade e profundidade, faz muita diferença.
Qual a projeção que você faz para o futuro de sua carreira depois de mais de 10 anos no grupo?
Algumas pesquisas mostram que 90% das informações de todo o mundo foram geradas ao longo dos dois últimos anos. Que os 10 empregos mais desejados em 2014 não existiam em 2004. Que, em 2020, o pagamento por meio de cartão de crédito será superado pelo pagamento em smartphones. Com tantas transformações e oportunidades acontecendo, prefiro não trabalhar com nenhuma projeção e me manter livre para esse novo mundo.