Entrevista
TENDÊNCIA MUNDIAL FUNCIONA NO BRASIL?
Publicado emIsabel Amorim, nova diretora de Mercado do grupo Abril, anunciou recentemente a implantação do serviço paywall para os sites de algumas de suas revistas, a iniciar em março com os títulos “Superinteressante” ou “Quatro Rodas”.
Segundo ela, na busca por novas receitas, a empresa segue tendência mundial com o objetivo de monetizar sua audiência. E, a exemplo do que já ocorre com os dois principais jornais diários de São Paulo, os títulos da Abril deverão proporcionar acesso limitado de conteúdos gratuitos.
“Um jornalismo que não é rentável não é independente. Acreditamos que esse serviço possa representar uma porcentagem importante da receita, mesmo que leitores sejam pouco habituados a pagar por conteúdo online”, diz.
Isabel garante, por outro lado, que o paywall irá contribuir para a implementação de novos modelos publicitários, que conversem com outros serviços e plataformas e proporcionem integração entre as estratégias editoriais e comerciais do grupo.
A seguir, ela responde a algumas questões sobre o tema:
Suas experiências internacionais indicam que a cobrança de conteúdo digital é realmente relevante como receita além da venda de publicidade?
Sim. O modelo de assinatura digital deve representar pelo menos a metade da receita de uma marca digital. Este modelo permite também um aumento do CPM e uma venda mais qualificada para o leitor dedicado, que tem sua assinatura. Quanto mais você conhece seu leitor, mais pode cobrar pela entrega da publicidade.
Acha que se pode aplicar no mercado brasileiro, onde um site de notícias já nasceu com o propósito de ser gratuito?
Isto também aconteceu nos EUA e Europa, o modelo inicial era gratuito e continua em vários casos. O que vemos é uma mudança no mercado para a monetização do digital pela audiência e publicidade.
Existe um sentimento de que ao ser barrado na leitura o usuário simplesmente muda de site à procura da mesma informação. Isso procede?
Isso pode acontecer se o seu conteúdo não for importante para o leitor, se ele não sentir que só naquele ambiente consegue ler ou assistir o que esta procurando, é fato que uma parte vai embora mas quanto melhor sua entrega, mais propenso o leitor estará disposto a pagar.
Nos casos específicos de Quatro Rodas e SuperInteressante, de conteúdo segmentado, a ideia parece ser totalmente viável. Mas quanto aos conteúdos de noticiários acredita que pode ser viabilizado?
Os cases de maior sucesso do mundo são notícia, veja o NYT, FT, WSJournal, entre outros. Noticia bem feita, exclusiva, bem trabalhada, tem muito valor.