E O VÍRUS CHEGOU À PROPAGANDA

Pelo menos oficialmente é a primeira confirmação da infecção pela Covid-19 na elite da publicidade brasileira. E tinha que ser ele, o principal nome da atividade em atuação no país.

Nizan Guanaes, fundador do grupo ABC, atualmente consultor através da sua Nideias, está com o novo Corona Vírus.

Hipocondríaco, como reconhece, insistiu no teste mesmo não sentindo nada estranho. Mesmo numa época em que o Brasil tinha pouquíssimos casos. E diz que é o tipo mais perigoso, porque continua não sentindo nada.

Mas louva o fato de ter sido detectado a tempo e parar de expor pessoas ao seu redor ao risco ao entrar na quarentena.

Nizan não sabe como e de quem pegou. E diz que agora o perigo está em todo lugar. “Fique em casa”, recomenda, apesar de todos os transtornos econômicos que a medida acarreta. “Temos que colocar a saúde acima de tudo”, decreta.

A partir de hoje (19) vai escrever coluna diária no UOL para dividir sua experência com o público. “Sobre milhões de reflexões que me vêm quando eu limpo a maçaneta, a pia, o vaso, quando lavo a mão 300 vezes”, explica.

“Dá medo ver o jornal, a TV, os sites,  o cara da minha idade que morreu. Uma coisa é ler do lado de fora. Outra é quando você está infectado. Até agora, não senti nada. Tenho amigos que têm sofrido bastante. Quanto a Itália está sofrendo? E nas favelas, como vai ser com o vírus (porque eu sou um privilegiado em quarentena)? E por que ainda não tem tanto no continente africano?”

E finaliza: “esse texto não tem respostas. Ele tem perguntas. Coisas que eu pergunto a mim mesmo. Como eu peguei? Para quem eu passei? O que eu devia ter feito diferente? Será que eu escrevo os textos? Ou fico calado? Yuval Harari, de “Sapiens”, diz que a saída é a informação. Eu sou um comunicador. Comunicar é meu dom, o meu papel no mundo. E daqui, direto da minha quarentena, estou cumprindo o meu papel escrevendo aqui no UOL. Daqui, direto da minha insônia, da minha fragilidade, do meu medo, dividirei com vocês minha quarentena e minha Quaresma”.